Sentado na calçada, porém sem caneco e canudinho, esperei um bom bocado em frente à casa do nosso estimado amigo Fernando. Pontualidade nunca foi uma de suas virtudes e agora somado ao fato de ter virado vegano... Até se ajustar ao novo esquema, essa novela de aprender a fazer o próprio café da manhã com os ingredientes mágicos, isso vai longe. Iniciar o pedal no horário combinado é uma ilusão que nesse momento prefiro nem me apegar. Bastante atrasados e avistando um Marcelo nada contente, bem mais adiante encontramos nosso impaciente amigo esboçando uma retaliação em forma de careta da qual obviamente tivemos o grande prazer de ignorar. Seguimos nossa jornada dominical novamente em direção aos arredores de Biguaçu. Enquanto pedalávamos, o assunto da vez obviamente era o tal do veganismo. Que diabos é isso? - pensamos de forma ignorante. Ser vegetariano não é mais o suficiente e aparentemente há níveis sayajins muito mais elevados no planeta Vegan! Muito empolgado em falar e nós nem tanto em ouvir, prestigiamos o excêntrico amigo fingindo prestar atenção em boa parte de suas argumentações. Pelo o que pudemos compreender, veganismo não é apenas uma dieta com preceitos vegetarianos. Consiste numa ideologia bastante complexa baseado nos direitos dos animais, incluindo os seres alienígenas desde que esses sejam sencientes. A iniciativa dele é muito bacana e por incrível que pareça faz até sentido – reconhecemos relutantemente. O problema maior é o complicadíssimo processo. Com o tempo tentaremos assimilar melhor a idéia e de alguma forma, dentro do possível, daremos nosso suporte.
À beira-mar, acompanhamos o nascer do dia contemplando uma belíssima paisagem. Tempo para descansar a esticada inicial e bebericar um pouquinho de água. Continuamos nosso rumo pela velha companheira BR-101, que bem cedinho é até agradável de pedalar.
Seguimos pela Rodovia do Café (que margeia parte do rio Biguaçu) até terminar o asfalto. Continuamos a divertida brincadeira estrada de chão afora, engolindo poeira mais do que o suficiente por toda a eternidade.
Num remoto passado (tempo esse que nosso amigo Fernando ainda se esbaldava com coxinha de galinha e tosqueiras similares) rodamos com nossas bicicletas pelo arrabalde de Três Riachos, restando-nos agora apenas uma vaga lembrança. Tudo parecia novidade. A idéia era seguir por uma das várias estradinhas de chão que por ali bifurcam - até que em algum momento chegássemos à distante Sorocaba do Sul.
Em algum momento a estrada começou a se estreitar até que começamos a desconfiar. De início não demos muito importância ao nosso natural pessimismo. Estava divertido pedalar por aquele lugar, superando em muito nossas expectativas, já que a idéia inicial era apenas um simples e moderado passeio.
Tudo bem demais até que demos de cara com um desenxabido dilema...
“TERRA PROTEGIDA”. Uma ameaçadora placa assustando os já desconfiados caras-pálidas que por ali pedalavam. Subimos um trecho horroroso, esburacado e todo cheio de pedregulhos. E agora teríamos que voltar? Fomos enfaticamente alertados para não cruzar a reserva indígena. Nativos vizinhos indicaram um caminho alternativo, mas esse aparentemente dava em lugar nenhum. Um desinteressante dilema se estabeleceu. Minha idéia era entrar e pedir autorização, pois o máximo que aconteceria seria receber um sonoro “não!” em Guarani e voltaríamos apenas infelizes com o momento. Porém, Fernando hiperdramatizou tudo e disse que não queria morrer com uma flechada nas costas. Retrucamos que ele estava assistindo desenho do Pica-Pau demais, mas de nada adiantou. De qualquer forma o Forte Apache era realmente intimidador e resolvemos seguir pelo tal atalho invisível.
O lugar é bacana demais e de fato, aquele pseudocaminho não dava em lugar nenhum. Se é que havia algum caminho por ali...
Seguimos otimistas até as bikes encalharem de vez no meio da mata fechada. Por brincadeira, tentamos achar a saída da floresta sem o auxílio do GPS. Não teve jeito... Sem o brinquedo que meus colegas de pedal tanto gostam de criticar, estaríamos até agora procurando a saída. Estava mais fácil Presto e patota voltarem para casa na Caverna do Dragão do que nós acharmos a saída...
Com alguma dificuldade e um pouco de irritação pelo tempo perdido, finalmente acertamos nosso prumo e sem mais o que poder fazer, retornamos pelo mesmo caminho que viemos. Sorocaba do Sul ficou para uma próxima oportunidade. Ótima pedalada de pouco mais de 80 km feita num belo dia ensolarado, no último domingo de maio. Perdido o almoço, paramos numa pastelaria para a saideira solene. Com esse lance de veganismo do Fernando... Pastel de carne? Até nunca!... pelo menos enquanto ele estiver presente.
MUITO LEGAL!
Mas, caminho revisto, o passeio me pareceu repleto de belas paisagens como sempre.
Parabéns pelo relato e pelas fotos incentivadores!
Será que não será difícil para um cicloturista manter a filosofia vegetariana? A hora que bate a fome no meio do nada e aparece como que por encanto um suculento bolinho de carne... sei não! Ahahahah!
Grande abraço do Antigão!
Esses índios, são bonzinhos, gostam de uma cachacinha,sem problemas, kkk.
Parabéns pelas fotos e o relato, demais!
Um abraço!
algumas poucas fotos e telemetria da pedalada
noturna.
http://trilhasepedaladas.blogspot.com/
Show de bola o pedal de vcs.
Pelo menos ninguém foi atacado por Rottweiler faminto... rsrs
Parabéns pelo Passeio!
Stephanie
http://casaldebike.blogspot.com
Abraços
É isso ai Fernando, firme e forte no VEGANISMO. Deixa que quando eu estiver junto teremos mais argumentos, daqui a pouco teus amigos vão estar só no alface (rsrsrsrs).
Abs
continuem com as boas pedaladas.
gostei das imagens...como sempre show..!!
abraços
sayajins do planeta vegano? ahuahua, vocês não são certos. Sem falar essa do pica-pau. Credo.
Boa pedalada rapazes. Ótimo post!
Abraço do amigo João.
(ainda rindo das goiabices de vocês...)