Um 2014 exemplarmente concluído com outra trinca de dias na estrada (ou alguma coisa parecida com isso...)
Escrito por: Rodrigo Martins em 05/01/2015

Fizemos malabares para juntar os quatros atabalhoados pedalantes numa jornada ciclística fora de estação. Desculpas a mil, só conseguimos conciliar uma mísera data na agenda furada dos comparsas de pedal apenas um pouco mais para perto do final do ano. Impossibilitados de fazer a costumeira longa viagem, acabamos fracionando a ideia em diversas miniviagens de uma trinca de dias durante o decorrer do ano. Para essa, nem isso conseguimos e entre um choramingo e outro – acabou sobrando apenas um par de dias de um final de semana destes quaisquer. Como solução, Roberto saiu com uma ideia bastante interessante e por fim, com algumas ressalvas no simplório trajeto, encaramos mais outro passeio desses de três dias – embora fazendo-o em dois. Planejar demais estava atrapalhando o desenvolvimento da brincadeira e as coisas começaram a fluir melhor quando demos margem para o improviso. Motorizados e com as bicicletas amarradas no transcaloi, seguimos já de noite rumo a Balneário Camboriú com um olho na estrada e outro na previsão do tempo horrorosa que se firmava. Adiantamos a bagunça na garagem real daquele simpático ser que nos recebia em sua sala já com o banquete ajeitado: 5º elemento, frango, brócolis especial, além da tradicional calabresa com catupiry e sem cebola. Quatro especiarias da melhor pizzaria do sistema solar – a tal da Pizza Bis que tantos falam. Só ali, naquela estufada de barriga, a viagem já teria valido a pena e os arrotos de Pepsi saíram baixinho para as mulheres da casa não brigarem com os suínos ciclistas. Já prontos para a inusitada viagem e ansiosos por engatar as sapatilhas – descobrimos do pior jeito possível que o dramático Roberto sequer havia iniciado a sua arrumação. Fazia frio e chovia a cântaros e iniciamos a etapa noturna entediados com a espera, já com a devida sensação de que o melhor do final de semana teria sido aquela pizza de alguns momentos atrás.

Saímos um pouco antes da meia-noite e a primeira parada foi no ferry boat - na travessia de Itajaí para Navegantes. Nos sentíamos constrangidos com os olhares curiosos da plebe que circulava pela jangada metálica que balançava conforme o humor das ondas, provavelmente se perguntando o que aqueles quatro dementes vestidos de forma estranha faziam naquele tempo medonho e horário incomum montados em suas invocadas bicicletas. Seguíamos apreensivos, pois chovia bem mais que o esperado. O frio aumentou ainda mais e o barulho dos enormes pingos que estouravam no capacete geravam uma desconfortável tensão. Não havia vento e nos guiávamos pelo barulho do mar, cadenciando a pedalada conforme a baforada de alguns seres uivantes que pareciam nos seguir.

Chegamos numa Barra Velha praticamente deserta, já passados das três horas de uma chuvosa madrugada, mas que naquele momento apenas garoava e sofremos com a lentidão do mazanza que nos atendeu naquele hotel com ar de sofisticado. Por fim, as bicicletas subiram juntas para os quartos, já que a garagem sugerida era para lá de horrorosa. Marcelo preferiu ir dormir e o restante da trupe esticou as pernas por alguns metros para o lanche da madrugada. Local simples e agradável, sendo servidos por um bom X-Salada. O proprietário e faz-tudo era um sujeito bastante bacana e prestativo, embora exageradamente pessimista. Nos alertou quase que de forma traumatizante o que encontraríamos pela frente nos dias que se seguiriam. Ignoramos a lengalenga da desgraça e seguimos para o hotel imaginando o melhor banho quente do mundo e mesmo cansados, acabamos não dormindo bem. A rua barulhenta e um final de madrugada com uma trovoada mega-assustadora acabou tirando um pouco o encanto do sono. As nove, todos já haviam tomado café – a exceção do Roberto que possui uma sincronia fantástica de iniciar o desjejum sempre na hora em que terminamos. Pela janela observávamos a chuva que persistia e sempre espiávamos nosso amigo Marcelo para medirmos o seu humor.

Saímos por volta das 11h15 dando adeus para a bela atendente de voz de caramelo e encaramos descontentes os primeiros pingos gelados. O vento contra nos obrigou a pedalar um bocado de tempo em silêncio e pouco lembro desse trecho que parece não ter existido. Em São João do Itaperiú encostamos as bicicletas no primeiro boteco que avistamos e logo de supetão pedimos para o simpático senhor esquentar um balde de Chocoleite no micro-ondas. Franziu a testa de forma engraçada em virtude do estranho pedido e afirmou que era a primeira vez que lhe pediam por isso. Aproveitamos para lanchar nosso almoço enquanto confabulávamos por qual caminho seguir. Estrada de chão ou asfalto? O dono da bodega meio até que decidiu por nós. - Estrada horrorosa demais com essa chuva, rapaziada! Afirmou de forma intrometida e convincente - bem a contragosto do Roberto que insistia em cagar as rodas de sua bicicleta no lamaçal que ele sonhava por vir. E, assim que o leite quente parou com a tremedeira coletiva, montamos nas enlameadas bicicletas e tomamos o rumo mais fácil pelo adorável asfalto liso, fora do que foi traçado no neurastênico GPS, deixando o amigo Roberto resmungando descontente.

O frio continuava, mas a chuva diminuiu e acabamos chegando em Blumenau já no início da noite. No curto trecho de BR que pedalamos, presenciamos três acidentes de carro e como o hotel ficava do outro lado da cidade, ainda tivemos que cruzar todo o movimentado centro de Blumenau. Foi um alívio poder sair daquele trânsito infernal e se jogar numa confortável cama após um merecido banho superquente. Isolados e longe de qualquer coisa, ficamos reféns da pizza por telefone. Não era boa, mas por fim, ninguém passou fome e não tivemos do que reclamar. Fernando não estava bem e reclamava de fortes dores provenientes de uma antiga lesão. Mesmos sintomas que por um considerável tempo o afastou dos longos pedais. Ficamos preocupados e tudo indicava dedinhos no teclado chamando o guincho amigo para o dia seguinte. No quarto, o ar-condicionado instalado próximo ao chão facilitou a secagem das ensopadas sapatilhas, deixando os cansados e enrugados pseudociclistas contentes.

Levantamos cedo no segundo dia (mas já na terceira etapa, o que nos deixava confusos) e antes mesmo das 7h30 já estávamos sentados à mesa coçando a pança. A patuscada foi tão boa que a fizemos duas vezes. No nosso horário e no horário do Roberto, já que o mesmo reclama que sempre come sozinho. Fernando, como previsto, pediu baixa e antes de seguirmos estrada – a Lígia já estava de prontidão para o infeliz resgate. Foi uma ladainha para ver o que de fato iria junto no carro. Começamos com as roupas sujas e sem ao menos perceber, acabamos despachando tudo praticamente - incluindo garupas e alforjes. Combinamos a janta para logo mais à noite na pizzaria, liberando o casal para seguir viagem enquanto iniciávamos a sina do dia, agora estranhamente bem mais leves, livres de toda aquela tralha pendurada. Na despedida ficou aquele ar de frustração na expressão triste do amigo capenga e um “eu te disse!” por parte de sua senhora que pelo jeito já previa algo parecido. Fernando estava devidamente dopado com a pajelança que o Roberto fez com o seu estoque pessoal de remédios e naquele momento não dizia coisa com coisa (ou seja... normal!). No caminho, ali por Ilhota, uma breve parada para assistir uma etapa do Campeonato Brasileiro de Carrinho!, ou alguma coisa parecida com isso. Sempre nos sentimos um pouco crianças quando saímos pedal afora, mas aquilo sim era voltar a ser pequeno novamente. Perfeitas imitações de carros, helicópteros, aviões e até mesmo barcos (esses, um pouco entediante - já que nada voava e nem explodia!). O almoço, novamente um X-Salada de beira de BR. Nada de especial, mas o suficiente para matar a fome. Tinha uma estradinha de chão para perfazermos, mas nessa altura da viagem já estávamos satisfeitos e resolvemos aproveitar o vento a favor e tocamos reto pelo asfalto. Entramos por Itajaí e pegamos um trânsito bastante chato, seguindo quase sempre pela contramão. Chegamos cedo em BC e mentalmente reverenciamos a rubro ciclovia. Fernando estarrado no sofá parecia entediado, já que passou a tarde no ritmo ditado pelas mulheres... praia, shopping e atividades femininas em geral. Um banho rápido e seguimos direto para a melhor pizzaria do mundo aonde comemos, conversamos e rimos adoidado. Em casa somente após as 23 horas, morto de sono e feliz à beça!

E assim se encerrou mais um ano do distinto grupelho, meio disperso pelos seus afazeres na outra dimensão – naquela em que se trabalha, em que se fica doente e que se tem uma vida normal para cuidar -, dificultando o dia a dia dessas divertidas pedaladas. Que o velho batuta do Santa Claus não tenha ignorado nenhum de vocês, infelizes por opção, que perdem seu vago tempo espiando essa famigerada página internética e que o ano novo tenha sido repleto de todas essas coisas bacanas que as pessoas educadas gostam de falar e desejar nessa época do ano.

Momentaneamente de férias, apenas esperando a ressaca de fim de ano passar e tão logo voltaremos para a estrada. Um ótimo início de ano para toda a classe que ama uma longa voltinha de bicicleta! Se a casca engrossar de vez, chamem os Superamigos... pois a tendência é piorar sempre. Atenção especial para o Aquaman, já que tem chovido horrores!

2014... Até nunca mais!... e que venha um ano melhor para todos nós, meros terráqueos.

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Qui, 05 de março de 2015
Por: Waldson - Antigão Cicloturista
Esses ciclopasseios são maravilhosos!
Achei interessante ler nomes de cidades que eu conheci quando fomos de Curitiba a Floripa pedalando.

Parabéns por mais esse pedal! Encarar a chuva não é fácil não!

Grande cicloabraço!