Peregrinando no feriado do Corpo de Cristo - parte 2
Escrito por: Rodrigo Martins em 15/11/2014
Partimos logo nos primeiros raios de sol ainda tentando esquecer o café da manhã deveras falcatrua que nos foi servido. A temperatura girava em torno dos oito graus e a forte névoa que se formou durante a silenciosa madrugada de Angelina deixou de existir instantes atrás. Encarangados e com as lancheiras providas do necessário, iniciamos o dia seguinte da jornada de Corpus Christi subindo horrores desde o início, sem sequer dar tempo ao arrependimento. Céu limpo, ar gelado e quase nenhum carro transitando para nos importunar. A primeira parada foi logo após o meio-dia, já bem longe de tudo e de todos. Sentados ao chão e se deliciando com um singular pão com queijo lambuzado de margarina, recheado com bolinho de carne e ainda ostentando uma Coca-Cola 600 ml gelada na temperatura ambiente para facilitar o arroto. Era isso ou nada, já que pedalamos por horas e horas sem nada avistar. Nem mesmo um reles humano para termos certeza de estarmos pedalando no planeta certo.
Susto grande levamos quando por algum momento nos sentimos completamente perdidos - mesmo tendo o GPS em mãos. Uma estreita e estranha entrada de rua, com curva negativa e encoberta por duas árvores gigantes quase nos fizeram desesperar no meio daquele nada. Faiscamos o cocuruto até nos situarmos e termos certeza para aonde exatamente estávamos indo. A tendência morro acima era quase um padrão e estranhávamos quando por alguns momentos alguma simplória descidinha dava o ar de sua graça. Somente lá pelas tantas, passados das 16h30 é que realmente deixamos de subir e finalmente atingimos o topo desse magnífico dia com sensação de sem fim. Sentamos e contemplamos o inspirador local, boquiabertos sempre com exagerada beleza.
Beirávamos a exaustão quando finalmente as longas descidas se formaram - devidamente reverenciadas pelos dois desventurados ciclistas que guascaram morro abaixo. Já perto do início da noite, na primeira aglomeração de humanos que nos deparamos em muito tempo – paramos para o providencial café da tarde/quase janta. O melhor pão de trigo com queijo e mortadela da Turma da Mônica que já comemos! A simpática moça do minimercado preparou o lanche com um carinho sem igual e poucas vezes fomos tão bem atendidos nesses lugarejos por aí afora. Até São João Batista tínhamos duas opções de trajeto: ir por Major Gercino ou por Nova Trento. Cansados e sem muita vontade de pensar, deixamos nosso destino nas mãos da plebe de Pinheral. Paramos na padaria, no posto de gasolina e no supermercado. Cada empolgado ser, deu lá sua sincera opinião e acabamos pesando a distância, o tipo de estrada e a quantidade de morros. De saco cheio de tanto subir, optamos por aonde mais descia, embora aparentemente a distância fosse um pouco maior. Sem muita convicção e confusos por tantas opiniões diferentes, seguimos em direção a Major Gercino enfrentando vinte e cinco quilômetros numa estradinha de chão bem bacana e totalmente desprovida de longas subidas. O problema agora era o frio intenso que surgiu de repente nos obrigando a puxar todas as mudas de roupas disponíveis.
Aterrissamos em Major Gercino já passados das 18h30, faltando ainda mais vinte e tantos quilômetros até Saint John. Conhecíamos bem esse trecho por várias outras insertas que fizemos anteriormente, nos restando apenas baixar a cabeça e pedalar o mais rápido que conseguíamos naquelas condições. A escuridão causava estranheza e a fome apertava naquele instante. Entramos no hotel exatamente as 19h30 com as pernas um pouco tremulantes do longo esforço de quase 100 km rodados em boa parte mirando o céu. De banho tomado, saímos para esticar as pernas e procurar algo para comer. Como não encontrando nada de nosso agrado, voltamos para o hotel e pedimos uma ignorante pizza tamanho mamute. Jogamos um pouco de conversa fora, ligamos para os parceiros de Pedaladas que em casa ficaram (pelo simples prazer de incomodar) e ao primeiro sinal de pestanejo – cada qual seguiu rumo ao seu quarto para o merecido descanso.
Olá pessoal: como sempre, relatos divertidos misturado com os belos roteiros programados. Se possível, me enviem a track desta viagem pras bandas de Angelina. Como vcs., gosto muito de morros/serras.
Forte abc
Heil
Seg, 17 de novembro de 2014
Por: Éder Strutz
Realmente foi muita coragem fazer este pedal... o caminho selecionado não é moleza não!!!
Parabéns aos dois que juntos encararam a pedreira e mais uma vez fizeram história para ser contada mais tarde.