Conhecendo melhor nossa "Santa & Bela Catarina" – a 2ª viagem... 1 de 9: Embasbacados com a Serra
Escrito por: Rodrigo Martins em 01/06/2010

Num dia desses qualquer, o Sr. Roberto saiu com essa: - Eu vou junto! Como não temos o hábito de levar o Roberto muito a sério, naturalmente achamos graça. Foi uma grande surpresa quando descobrimos que a criatura estava falando sério. Planejamos tudo com tanto carinho e houve tantas reviravoltas que se teve algo desnecessário nessa viagem foi justamente planejar alguma coisa. A primeira condição a ser estabelecida foi o trajeto. A idéia era não repetir cidades que fizemos na pedalada de sete dias do ano passado, o que limitou bastante nossas possibilidades. Foram apresentadas algumas idéias de trajeto e com alguns ajustes, logo decidimos. Escolhido o percurso, faltava agora confirmar quem realmente iria. Creio que fui a única constante nessa história toda. Marcelo esteve bem perto de não poder ir e o Fernando entrou em crise existencial com sua bicicleta antiga e por algum tempo alimentou a idéia de não ir também. O problema maior sempre foi o de sincronizar as férias de três pobres vassalos, pois até então, ninguém considerava a possibilidade do Roberto ir. Marcelo marcou suas férias e Fernando sabiamente usou o velho poder Jedi. Fitou os olhos em sua chefatura e disse: - Eu vou tirar férias na mesma semana do Marcelo! Nesse meio tempo, do nada – Roberto compra a bike! Por algum tempo pensamos – Poxa que bacana, Roberto vai junto mesmo!... Aí começamos a olhar sua pança proeminente e começamos a ficar apreensivos. Bom, mas o importante é o espírito!, Correto? Não é tão simples assim, mas a essa altura do campeonato com a criança toda empolgada, o melhor era realmente nos mantermos otimistas. E assim foi. Compramos os equipamentos que faltavam e contamos os dias ansiosamente. O que eram dias contados, tão logo passaram a ser minutos conferidos. Um ajuste na bike aqui, outro ali. Montagem da garupa, alforjes... Aquela velha sensação de estar esquecendo algo smpre. E assim a ansiedade foi tomando conta até que chegou o tão esperado dia. Noite anterior totalmente mal dormida esperando a hora certa chegar. Pontualmente atrasados, por volta das 7h e alguma coisa, deu-se início a pomposa comitiva rumo a nossa segunda viagem por cidades catarinenses...

DIA 1 - DE FLORIANÓPOLIS À SÃO JOAQUIM DE VAN E DE LÁ ATÉ LAURO MÜLLER DE BIKE, PASSANDO PELA SERRA DO RIO DO RASTRO...

Viajar de van? Deve ser divertido – pensei. Mas é um pé no saco do caramba! São Joaquim é longe pra burro e demorou uma eternidade. Minha esperança de fazer boa parte da viagem tirando uma bela soneca foi-se para o espaço no instante que vi a cara de alegria do Roberto. O homem não parou de falar um mísero segundo, mas confesso que foi divertido.

Nosso chofer ficou um pouco assustado pela exorbitante quantidade de baboseiras que proferimos em tão pouco tempo. O cara é bacana, fingiu até que éramos normais e ainda fez algo que ninguém mais quis fazer: tirou duas fileiras de bancos da sua preciosa van para que nossas bikes fossem alojadas adequadamente. Quem é da região de Florianópolis e precisar de transporte nesse gênero, o telefone do Ricardo é (48) 99117 - 2585. Recomendamos! Se você tem pressa, melhor ainda. O homem tem o pé pesado e o seu super Renault Master minibus quase voa.

Ao chegarmos em São Joaquim, nos deparamos com o desfile da famosa Festa da Maçã. Logicamente houve uma tentativa de insurreição, pois um pequeno grupo rebelde dentro da van lançou uma fracassada campanha para largarmos a pedalada e prestigiarmos o alegre evento.

O curioso nessas cavalgadas é que a lei seca é valida somente para o cavalo. O cavaleiro bebe a vontade!

Chegamos alguma coisa perto do meio-dia. Ajeitamos as tralhas, esticamos as pernas, pagamos o Ricardo e iniciamos a jornada...

Mas antes passamos no castelo para pedir a benção para o Super-Mário...

Conversamos um pouco com o Stay Puft, o monstro de marshmallow (numa versão macabra) e almoçamos logo em seguida. De barrigas estufadas, demos início a nossa bem-aventurada jornada.

Claro que o movimento separatista a favor das festas e contra o pedal ganhou força quando descobrimos que ao anoitecer, iria ter festa no apê - com o original, o notório: Latino...

Cansados da viagem, ainda de barrigas cheias e tristes por perder tão grandiosa festa, seguimos em ritmo bem lento, quase parando, o que agradou muito o senhor Roberto. Não estava frio e fazia até calor. Naquele momento, nossa futura alma arrependida reclamou do sol.

Aos poucos o sol foi baixando e fomos entrando no clima da pedalada. Ouvi muito durante a semana que até Lauro Müller "só desce!"... Várias morrebas pedalada acima.

Estréia das nossas camisas oficiais com o estimado patrocínio da Pizza Bis.

Passando pelo “Giant Chimarrão”, escultura em homenagem aos vizinhos gaudérios, maiores produtores de chá de bosta de cavalo da América latina.

Região bacana para se pedalar. Asfalto bom e poucos carros passando. Um retardado ou outro fazendo gracinha de moto, mas no geral, muito bacana mesmo.

O efeito da altitude não fez bem ao Roberto. Ganhou o troféu “Garoto Enxaqueca” do ano. Nem o Mutley Rabugento seria capaz de reclamar tanto.

Até não foi uma pedalada das mais difíceis, mas a vida desregrada da maioria, mais a cansativa viagem na super van (que tocou Luan Santana dos infernos o trajeto todo...) teve seus reflexos. Por exemplo: Fernando sentou para comer umas dez barrinhas de cereal e dormiu sentado. Rodrigo pior, quis otimizar o processo de sono e cochilou em cima da bike mesmo - pedalando e quase caindo. 

“Parque de geração de energia eólica em Bom Jardim da Serra”

Chegamos um pouco antes de escurecer na Serra do Rio do Rastro e felizmente ainda deu tempo de registrar alguma coisa...

Admirados, cada um imaginou o que quis... Caminhar sobre as nuvens, estar no céu ou até mesmo, voar igual Superman. Fernando: – Eu comeria todo esse algodão doce!...

E o nosso amigo simpático Quati?! Dieta a base de Cheetos... Turistas sem noção mesmo. Logo em seguida limpou o tempo.

Esfriou rapidamente, assim como escureceu. Descer a Serra do Rio do Rastro há anos estava nos nossos planos e isso acabou gerando uma enorme expectativa. A sensação de descer a imponente serra pedalando de noite e guiados apenas pelos faróis das bicicletas é indescritível. Pedalamos em estado de admiração completa, pasmos e boquiabertos. Passamos muito frio na descida. Já era noite quando chegamos em Guatá (vilarejo Hobbit de Lauro Müller), em total silêncio - ainda contemplando a experiência do pedal incomum. Silêncio esse, quebrado pela malcriada boca do Príncipe Roberto quando avistou o Hotel... Hospedaria simples e bacana que agradou a vassalagem. Mal sabíamos que reclamar de hotel seria uma eterna constante daqui para frente por parte do Senhor Feudal que pedala conosco. Boa janta, tomamos sorvete de uma marca diabo qualquer e saímos para dar uma volta na cidade. Andamos pela cidade toda, duas vezes e estávamos de volta em 10 minutos. Antes da meia-noite, todos dormindo.

Primeira etapa cumprida mais do que tranquilamente.

Comentários
Qui, 30 de junho de 2011
Por: Sandra Elize
pô, fiquei na expectativa das fotos noturnas da Serra do Rio do Rastro.... cadê????
Qua, 30 de junho de 2010
Por: Lucas Goulart
hehehe...
Até que suas piadas sem graça me fizeram rir!

Muito boas as fotos!
Dom, 27 de junho de 2010
Por: FabioTux
A piada do Mate foi excepcional!
Coincidentemente, hoje eu vi uma reportagem no Globo Rural de um gaudério de descobriu uma erva mate menos amarga e tal...foi "engraçaralho" ler essa parte do relato.

Gargalhei um bocado aqui.

Parabéns pelo relato!