Desnecessariamente acordamos muito cedo e antes do primeiro escandaloso galináceo cacarejar, já estávamos rondando o pequeno hotel à espera do desjejum - a exceção do desigual Roberto, que emendou tudo e levantou somente após as 9h, inclusive perdendo o café da manhã. Novamente não havia Pureza de garrafa de vidro e tivemos que nos contentar com a ordinária de plástico. Por mais que digam que é tudo igual – não é! Não é mesmo... Enquanto Bruno, o prestativo atendente do hotel se virava do jeito que podia para lavar nossas fedegosas roupas, aproveitamos a barriga cheia e o ocioso tempo de sobra para voltarmos aos nossos simplórios quartos e reviver em parte a boa noite de sono que tivemos. Cientes de que a parte difícil da viagem havia ficado para trás, nossos semblantes agora eram visivelmente mais tranquilos. Descansados, reiniciamos nossa inusitada pedalada por volta das 11h, entusiasmados com a finada era das grandes subidas.
É na pequena e cultuada Rancho Queimado (menos de três mil humanos que a habitam) que se encontra uma das fábricas de refrigerantes mais antigas do Brasil. A empresa de bebidas Leonardo Sell foi fundada em 1905 e desde meados dos anos 20 fabrica o tradicional Guaraná Pureza, muito popular aqui em Santa Catarina. Antigamente era possível fazer um tour dentro da fábrica e beber o melhor Guaraná do mundo direto da preciosa fonte, quase lambendo a torneira. Mas por uma infeliz determinação da vigilância sanitária, forasteiros como nós, nunca mais terão esse prazer.
DIA 7) DE RANCHO QUEIMADO (REVERENCIANDO A FÁBRICA DA PUREZA) À SÃO JOÃO BATISTA - PASSANDO POR ANGELINA E MAJOR GERCINO...
O forte sol contrastava com a gélida experiência da noite anterior e iniciar o dia sem uma grande subida também foi um pouco esquisito. Entre Rancho Queimado e Angelina são praticamente 14 km e pasmem, quase sempre descendo. A estrada é muito bacana, bem sinalizada e pouco movimentada.
Angelina é outro minúsculo município aonde quase nada acontece. Vive da agricultura, embora seja mais conhecida pelo turismo religioso. O Santuário Mariano e a Gruta de Nossa Senhora da Imaculada Conceição recebem romeiros de todo o país e alavancam o potencial turístico da região. Almoçamos muito bem e no horário, sobrando tempo inclusive para uma soneca no banco da praça. Enquanto dormia, Roberto foi atacado por três guapecas brincalhões que pularam em cima de sua rechonchuda barriga para assim lambê-la. Entre ataques de riso e um quase ataque do coração, todos sobreviveram.
Passamos pela barragem do Garcia, cruzamos algumas comunidades e quase 25 km depois chegamos na escondida Major Gercino, cidade produtora de vinho e champanha. Nesse ponto da viagem Roberto simplesmente desapareceu. Pedalamos calmamente por uma bela estradinha de chão por mais 6 km até reencontrarmos o saudoso asfalto. Aproveitamos a grande reta para acelerarmos e tentarmos nos aproximar um pouco mais do distante Roberto. Quando finalmente mais próximos da isolada criatura, o pneu do Rodrigo furou e teve que ser trocado por duas vezes, já que foi premiado com uma câmara de ar defeituosa. Desencanamos e voltamos a cadência de passeio, deixando o apressado amigo seguir seu destino. Numa previsível indagação sobre o fator motivador de tal pressa, os três comparsas que ficaram para trás foram unânimes e certeiros em suas apostas: dor de barriga!
Bastante cedo para os nossos desregrados padrões, chegamos um pouco depois de escurecer em São João Batista, por volta das 19h. Roberto chegou muito antes, guiado pelo preciso instinto de desespero - que o fez acertar o hotel de primeira a tempo de evitar um desastre de ordem bastante pessoal. Depois de acomodados, arrumamos nossas tralhas com calma e tomamos um merecido e demorado banho. Jantamos muito bem numa pizzaria próxima ao hotel. A cidade é movimentada e tem vocação festiva. Muitas mulheres bonitas circulando ao som de irritantes “bate-estaca” vinda dos mais diversos carros que circulavam pelo pequeno, embora bastante agitado centrinho. A ala solteira do grupo até ensaiou a possibilidade de uma noitada, mas o juízo prevaleceu e nosso “festerê” não passou de uma caminhada até o posto para comprar água. Menos cansados que nos dias anteriores, fomos dormir mais tarde que o habitual, jogando conversa fora por boa parte da noite. Contagem regressiva acionada e faltando agora apenas dois dias... Ufa!
Sétima etapa concluída, num dia praticamente perfeito onde não passamos frio e descemos muito mais do que subimos, algo demasiadamente incomum para os padrões desta cicloviagem.
Ótimo relato, belas fotos como sempre!
Abraços do véio!
pelo jeito foi o dia mais tranquilo da cicloviagem!
abraços,
Elton Xamã
Pantanal MS
o//
tudo muito show..!!
grande abraço a todos
vão trabalhar seus vagais, há uma enxada heimm ... ficar ai pedalando pelo mundo, coisa mais "sem graça"!!!
"desocupados, pilantras"!
falow pedaladas
abs.
Abraço!
Abração a todos, e no aguardo do próximo.