A Pedalada do Peregrino da Alvorada: Primeiro dia - Urubici à Braço do Norte passando por Grão Pará...
Escrito por: Rodrigo Martins em 16/04/2009

Saímos daqui de casa quase pontualmente as 6h15, conforme o combinado. Eu estava ainda meio embasbacado com as bruxarias que presenciei na noite anterior com o Circo Nacional da China. Aqueles chineses são todos uns mutantes dos infernos e acabei presenciando coisas que de fato tenho dificuldade em acreditar. Talvez eu tenha buscado inspiração no lugar errado, por que eles fazem de fato você se sentir insignificante. É realmente fora do comum e qualquer bizarrice que você possa imaginar que alie força e destreza, eles estão ali para te provar que é possível. Como bom brasileiro, eu me recuso a acreditar no que vi. Me recuso também a acreditar que seremos eternos iniciantes no pedal. E o primeiro passo (ou a primeira pedalada melhor dizendo...) para nos tornarmos ciclistas medianos foi dado: pedalada de Urubici à Florianópolis, passando por Braço do Norte e São Bonifácio. Não tolo, não fizemos em um único dia. Nem o super-estrela do circo da China o faria, se vale o comentário. Eu sabia que as poucas horas de sono da noite anterior iriam refletir cedo ou tarde nessa pedalada, que foi um feito mais ousado que o nosso normal de iniciante. A idéia, até então, era tirar uma soneca enquanto o Marcelo guiava seu carro rumo a serra via 282. Eis que o Senhor Mazolla (vulgo: pai do Marcelo) estava num dia inspiradíssimo para conversar e não demorou muito para eu saber que meu sono da beleza matinal não aconteceria. De qualquer forma foi uma prosa bastante divertida.

Chegamos em Urubici por volta das 9h e seguimos direto para o famoso Morro da Igreja. Este que é considerado o ponto mais frio do Brasil, já registrou temperaturas perto de -20°C.

Sim... 9° já está bom demais para o nosso sofrido esqueleto.

Lá em cima, além de situar uma base aérea da FAB, funciona também o CINDACTA - órgão responsável pelo controle de tráfego aéreo do Sul do Brasil. Fachada governamental, pois o verdadeiro objetivo dessa parafernália toda é manter contato com civilizações alienígenas e evitar uma indigesta colonização extraterrestre. A verdade está ali dentro...

A Pedra Furada é a principal atração turística do local.

Ainda prefiro o tal do Véu da Noiva, mesmo tendo que pagar um pila de dinheiro brasileiro apenas para poder tirar essa singela fotografia.

Do sopé do Morro da Igreja deu-se início a sonhada pedalada. Não sem antes degustar um pão com queijo que a senhora Vanderléia preparou com muito carinho. Enquanto iniciávamos nossa jornada, o pai e a esposa do Marcelo retornavam com o carro para Florianópolis. Por diversas vezes ouvimos a chocante (por excesso de ignorância) pergunta: - cadê o carro de vocês? Está lá ainda? Nada, o carro era um dos Decepticons e voltou voando sozinho para Florianópolis, indagávamos quase constrangidos.

Desnecessário dizer o quanto de poeira engolimos ao longo desses três dias pedalando...

- Poxa Marcelo... Fizeram cacaca aqui na estrada!

- Você, de marrom! Não faz mais isso, sua porcalhona! Que coisa feia...

A Serra do Corvo Branco é o maior corte de rocha do Brasil, sendo considerada uma das maiores obras da engenharia rodoviária brasileira. Não tente ficar procurando a silhueta do referido pássaro no contorno sombreado das montanhas que isso é delírio de quem fumou um Bob Marley e por ali imaginou bobagem. O nome é uma referência ao Urubu-Rei, ave típica da região, de plumagem branca e freqüentemente confundida com o corvo. É muito comum pelos ares serranos.

Se pedalar com o devido cuidado, nem é tão difícil passear por lá. Existe a subida inicial que é um pouco cansativa e depois é muito tempo descendo. O vídeo a seguir mostra esse trecho da descida da serra.

Seria até errado dizer que a região é mal sinalizada. Ela não é mal sinalizada, ela simplesmente não é sinalizada! Não só nesse trecho de Urubici à Braço do Norte, como também nos outros dois até São Bonifácio e de lá até Florianópolis, pelo menos até Águas Mornas. Com o mapa rodoviário tivemos pelo menos idéia de que direção tomar e a que distância estávamos aproximadamente de cada localidade.

Susto com uma Grão Pará quase deserta. Todo mundo na missa aparentemente...

Pisamos em solo braçonortense por volta das 17h30. Deu pouco mais de 57 km em quase 4 horas de pedalada. Fomos devagar, parando bastante para curtir o lugar. Muitas curvas, pó e buracos demais, além é claro de não termos pressa alguma. A janta foi espetacular! Tia Irene preparou estrogonofe de camarão com um peixinho frito especial... A fome era grande e fizemos por merecer tal banquete. Antes das 22h já estávamos dormindo, descansando o maltratado corpo para a seqüência da jornada. Acho que desde que eu estava na 4ª série não ia dormir tão cedo...

Continua...

Comentários
Qui, 07 de janeiro de 2021
Por: Dorgivan SANTOS
Recordar é viver novamente... Descemos essa Corvo Branco. Uns 5 kms até o terreno ficar plano. Depois voltamos a escalar. Ano passado o intuito era fazer essa descida e ir dormir em Braço do Norte. Mas o cagãp do outro nordestino, teve medo do frio,
Ter, 19 de março de 2013
Por: João Ramalho
Aê, pessoal... vô falar a verdade pra vocês, tá?... me deu até tristeza de ler e ver este pedal. Inverno; friozinho(!); num dos lugares mais bacanas do país; e céu limpinho!!!!! Tá de sacanagem! Meu sonho é andar lá, nem precisa estar ensolrado!

Lindo passeio e mais lindas ainda as fotos!

Parabéns!

PS: Um dia tô aí.
Sex, 04 de dezembro de 2009
Por: Pedarilhos
Puxaaaaaaaaa vida!
Vocês pegaram um BELOOO DIA lá em cima do corvo branco!!! Meus parabéns, lindas fotos!!!! =)

O dia que eu subi o corvo de bike, meu Deus, pegamos um temporal de vento muito forte!!! Naquele corredor de pedra ali, o vento quase arrastava a gente!! eheheh

Valeu!!
Abraço