A contragosto, acordei mais cedo do que esperava. Liguei a TV e assisti coisas que nunca esperaria assistir, como Globo Rural e chatices derivadas. Sorte nossa que o bom e velho SBT não se cansa de reprisar Chaves. Uma boa enrolada para criar coragem e sair da cama para tomar café enquanto Marcelo, como de costume, ja havia acordado faz tempo. Não tinha Pepsi, mas a Coca-Cola no café da manhã foi uma injeção de ânimo providencial. Braço do Norte é a cidade natal de minha mãe e havia perto de dez anos que eu não aparecia por lá. Aproveitei para visitar a parentada toda. Alguns não me reconheceram e outros não acreditaram na idéia de uma pedalada até Florianópolis (já que para tanto, existe o tal do carro...), mas de qualquer maneira foi divertido. Visita rápida e cronometrada para dar tempo de rever a maioria pelo menos. Demoramos mais do que o planejado (se é que planejamos alguma coisa nessa viagem) e só iniciamos a pedalada cravados meio-dia, após uma rápida explorada no comércio local.
Apesar de já estarmos no outono, estava realmente muito quente, sendo difícil pedalar no asfalto com sol na testa e vento de frente.
Futura hidroelétrica da região.
Rio Fortuna. Ninguém na rua... Por que isso não surpreende?
Paramos para almoçar. Jamais passou pela nossas cabeças que X-Salada seria uma constante daqui para frente.Pelo menos foi servido acompanhado da sonhada Coca-Cola em garrafa de vidro. Dessas, faz tempo!
Piançados nesse momento.
O filho do deus supremo de Asgard estava de excelente bom humor. O Céu estava impecável e não poderíamos imaginar dias melhores como esses que seguiram durante esses três dias de pedalada.
Cada resquício de sombra era mentalmente comemorado e apenas um sorriso esboçado para não gastar muita energia. Nossa nutrição durante a pedalada: PowerBar Gel (vai no sachê de Lima-Limão que é o menos ruim) e a barrinha de cereal da Hershey’s. Essa muito boa por sinal, pois possui gosto de chocolate de verdade e não de alpiste como alguns similares.
Bem vindo seja o ocaso! Vai embora sol desgraçado e retorne só amanhã que a cota de cocuruto queimado já deu por hoje.
Pedalar de noite é diferente e até mais divertido em alguns aspectos. Só que em pedaladas longas como essa, acaba tornando o percurso mais fatigante ainda. Fomos alertados que haveria muito morro, mas o nosso natural otimismo nos impedia de se emocionar com esse tipo de comentário maldoso de quem não foi pedalar e ficou em casa rindo. O último antes de chegar em São Bonifácio é de dar vontade de chorar. Lembro que perguntamos para um “Alemão” que estava parado no melhor estilo carranca em frente a sua casa, se faltava muito para o centro de São Bonifácio. Ele, de boca cheia e com todo o sorriso cínico do mundo e repleto de maldade em seu coração, vociferou: - Oito quilômetros! Jamais esqueceremos essas tão amarguradas palavras. Morro acima por 8 km e no escuro? Levamos mais de uma hora e meia para pedalar esse trecho rumo ao ponto mais perto que chegamos do céu pedalando. Avistar a cidade foi de uma alegria sem precedentes.
Chegamos num estado de deploração total! Imundos e cansados como nunca. Deu quase 72 km em mais de 5 horas e meia de pedalada. Ficamos hospedados no Hotel Shirley, uma boa opção para quem não é muito exigente e também não quer gastar muito: R$ 25,00 a diária com o café da manhã incluso (Chocoleite, cuca, bolo, pão caseiro, entre outras iguarias). Depois de um longo banho quente, saímos (quase) renovados para jantar e mais uma vez foi o tal do X-salada. Esse foi menos ruim pelo menos, já que tinha repolho e cenoura, o que o tornava um pouco diferente do habitual. Repetindo a noite anterior, fomos dormir muito cedo novamente. Noite inóspita e no hotel, a TV só pegava a rede Globo. Dormir era a única opção. Sim, sim... Nós subimos, mas também descemos! Trecho bacana esse a seguir...
Continua ainda...
Roberto...
Vai uma pizza Calabresa com extra cebola!