Conhecendo melhor nossa "Santa & Bela Catarina"... 3 de 7: Enojados de tanto morro...
Escrito por: Rodrigo Martins em 30/06/2009

O hotel é muito bom e totalmente fora do comum para os nossos padrões. Quase senti vergonha de colocar as bikes tão sujas na sacada do quarto que tinha direito a vista panorâmica do Santuário da Madre Paulina e tudo mais.

DIA3) DE NOVA TRENTO À VIDAL RAMOS - PASSANDO POR UM LUGAR QUE NEM NO MAPA EXISTE...

Esse terceiro dia foi um caso clássico de aprendendo a sorrir nas desventuras. A idéia inicial era ir de Nova Trento à Vidal Ramos passando por Leoberto Leal, mas não deu tempo e nem sobraram forças. Acabamos encurtando o caminho por uma estrada (que não consta nos mapas) indicada por nativos da região. A verdade é que demoramos um pouco para sair da cidade e isso atrapalhou bastante nossos planos, por que só chegamos em Vidal Ramos após as 21h. Antes de seguir pedal morro acima, passamos numa agência dos correios e despachamos parte das roupas sujas, molhadas e catingosas do dia anterior - via Sedex, para Dona Vanderléia (que imagino, deve ter adorado!). Pode parecer bobagem, mas foram 1,5 kg a menos para cada um cagar e num dia extremamente cansativo como esse que estava por vir, fez uma singela diferença.

E ali viveu a tal Bruxa de Blair, dizem os nativos.

Aguti, o tão aguardado lugarejo que na teoria seria a metade do caminho e que era nossa única esperança de almoço, foi uma decepção daquelas. Nada para comer e sem plutônio para carregar nosso capacitor de fluxo, nenhuma possibilidade de ter 1.21 gigawatts de força para empurrar bicicletas morro acima. A esperança de ser atingido por um raio e acabar com o momento sofrível? Sem chance! Naquelas alturas de escuridão total, a única coisa visível era o céu totalmente estrelado, acabando com todas as nossas esperanças de ser mandados de volta para qualquer outro lugar.

Essa foi de longe a pedalada mais difícil que já fizemos. Mais de 12 horas na estrada (8h10 de pedal efetivo), sem almoçar, morro acima e boa parte na escuridão. Os arbustos tinham formas de figuras fantasmagóricas e em condições normais acho até que teria nos assustado. O cansaço era tanto que o restinho de energia que tínhamos estava totalmente focado para a triunfal chegada a Vidal Ramos que insistia em não chegar nunca. Foi quase desesperador pedalar por aquela colina interminável. Poderia ser pior? Claro, sempre pode... Chegamos exatamente no momento em que a dona estava se preparando para fechar a nossa hospedaria. Pelo que pudemos perceber, o hotel fecha de noite e os restaurantes fecham para o almoço. Jantamos qualquer coisa e fomos dormir cedo. Melhor maneira de esquecer o dia de penúria que se passou.

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