Conhecendo melhor nossa "Santa & Bela Catarina" – a 3ª viagem... 2 de 9: uma "beiradinha" até lá!...
Escrito por: Rodrigo Martins em 08/05/2011

A noite não foi das melhores. Nem em Jellystone há tantos ursos ronronando no mesmo lugar. Se não é a sinfonia gutural te acordando na calada da noite é o Marcelo jogando coisas em você, pois o simples barulho de respirar incomoda a criatura hipersensível ao mínimo ruído. Sem apreço belo bom sono, muito cedo ele acorda e instintivamente começa a pressionar aqueles que gostam de dormir um pouco mais. Irritantemente faz todo o tipo de barulho até que você perde a paciência e levanta da cama da forma mais contrariada possível. Numa simulada gentileza ele olha para você, ergue uma sobrancelha, esboça um sorriso e descaradamente ainda pede desculpas. É cedo demais para qualquer ser normal reagir a esse tipo de situação. Sem muito que pensar e no melhor estilo zumbi ranzinza, o jeito foi se conformar e descer para comer. Cachorro-quente, antes das 7h, no café da manhã? Um pouco absurdo demais até para nós mesmos. Insalubres, de barrigas cheias e agora já animados - subimos para o quarto e iniciamos a morosa arrumação da nossa organizada bagunça. Enquanto isso na TV, Dragonball Z alegrava nosso início de manhã.

Perto das 10h, num cativante otimismo, os quatro trouxas passavam protetor solar.

DIA 2 - DE BRUSQUE À LUIZ ALVES PASSANDO POR ILHOTA...

Cidade bastante agradável (a exceção desses inconvenientes paralelepípedos), Brusque está entre as 15 maiores do estado - possuindo mais de 100 mil habitantes. Possui uma festa que dizem ser bem bacana: FENARRECO, mas como acontece sempre na mesma época da Oktoberfest, provavelmente vai ficar sempre para uma próxima vez.

Cruzamos rapidamente a cidade e continuamos a pedalada numa rodovia asfaltada (SC-411) por cerca de 10 km. Bem cedo já estávamos sujando nossos pneus numa bela estradinha de chão novamente. 

As poucas horas de sono fizeram o início de dia um pouco deprimente para o Fernando. Pedalou quieto e cabisbaixo. Estranhamos, pois esse tem o hábito de estar sempre rindo, inclusive das coisas mais sem graça. Príncipe Roberto, que possui a eterna regalia de dormir sozinho, não teve esse problema. Acordou alucinado, mais do que o normal e isso também causou estranheza. Suspeitamos que o Chocoleite dele estava batizado com alguma substância mágica. Um pouco envergonhados com o comportamento hiperativo do pseudoadulto, reduzimos o ritmo e deixamos o cidadão pedalar um pouco mais a frente. No momento foi prudente fingir que não o conhecíamos.

Sempre que perguntávamos para alguém, a resposta era a mesma: - faltam 20 km! Ouvimos isso – irritantemente! -, o dia inteiro.

Por volta das 14h30, reencontramos o asfalto e seguimos um pequeno trecho pela SC-420 até Ilhota. Diferente da maioria das cidades catarinenses que são de colonização alemã, italiana ou açoriana - Ilhota é uma das raras colônias belgas do Brasil. É conhecida sugestivamente como a capital das roupas íntimas e sua principal atração turística consiste nas inúmeras vitrines (dispostas ao longo da rodovia) com as mais belas manequins e suas ousadas (e para felicidade masculina, também indecentes) lingeries.

Por sorte encontramos um bom restaurante aberto. Comida simples, do jeito que gostamos e na medida certa para saciar nossa gigantesca fome. Marcelo pediu ovos fritos, o que incrementou bastante nosso belo arroz com feijão. Enquanto estufávamos nossa pança, ao longe ouvíamos trovões ribombando. Preocupados com a chuva que prometia, abreviamos nosso descanso e seguimos pedal adiante. Pouco a frente do restaurante, fizemos nossa primeira travessia de balsa cruzando o rio Itajaí-açu.

Feito isso... desabou o maior temporal e que (infelizmente) nos perseguiu o restante do dia.

Pouco mais adiante ficava o Morro do Baú, e com certeza não era o da felicidade, pois o Roberto nos aporrinhou o saco. Uma gentil senhora camponesa nos alertou da possibilidade de não conseguirmos passar por lá devido às recentes fortes chuvas. A estrada realmente parecia estar ruim e já estávamos um pouco receosos, pois nesse momento a chuva apertava. Prudentemente então, resolvemos contornar o morro por uma estrada alternativa, o que deixou Roberto inconformado. Já apresentando sintomas de abstinência dos efeitos psicodélicos do Chocoleite feito com leite de unicórnio, Roberto então desabou a reclamar...

Nesse momento, o estado das bicicletas era simplesmente deplorável e fazia frio demais! Rangíamos os dentes quando paramos na primeira lojinha de conveniência que apareceu (única por sinal) para tomar um Nescau bem quente e comer alguma coisa. Bela loja e no meio do nada. Nos apaixonamos pela linda moça que tão bem nos atendeu.

Ficou difícil pedalar. A estrada estava ruim e as bikes já apresentavam sérias sequelas. Um simpático caminhoneiro nos falou que ainda faltava “uma beiradinha” - o que nos fez rir, nos deixou preocupados e também desanimados, pois nesse momento já apresentávamos sinais de cansaço. Para piorar, Roberto continuava a reclamar. Insistentemente e da forma mais chata possível, martelava a idéia de subir o Morro do Baú. Ele não estava num dia normal – não mesmo. Paramos alguns minutos para respirar e ao tentar tirar o capacete, quase se enforcou. Ficou nervoso, brigou com a garrafinha d’água e acabou sobrando até para o farol da sua bike. De uma distância segura, observamos o seu comportamento bizarro e seguimos viagem sem muito o que entender. Já estava de noite quando terminou a eterna estrada de chão. Tínhamos ainda, pelo menos, mais 15 km de pedal (asfalto e morro acima). Chovia bastante e a estrada não possuía acostamento, nem iluminação. No meio da escuridão, motoristas imprudentes passavam extremamente rápidos, raspando nossas molhadas orelhas. Foi a parte mais tensa de toda a viagem e chegamos a sentir um pouco de medo. Realmente ficamos preocupados. Já passavam das 19h30 quando adentramos em Luiz Alves. Paramos num posto para nos localizar e aproveitamos para lavar as sofridas bicicletas. No hotel, uma desagradável surpresa: não havia reserva. Num enorme esforço em nos ajudar, pois o erro foi dela, a dona do simples, mas simpático hotelzinho fez uma bruxaria e acabou rearranjando os quartos. Marcelo sozinho, Roberto sozinho... e os piores quartos do hotel para os desafortunados Rodrigo e Fernando, que sequer tinham banheiro no próprio quarto. Banheiro coletivo é sempre uma maravilha!... Pelo menos estávamos secos e abrigados. Pedimos pizza por telefone, o que nos poupou uma infeliz caminhada numa bela noite fria e chuvosa. Tarde da noite, de forma impressionante - Roberto ainda reclamava de não termos passado no tal Morro do Baú. Em uníssono retrucamos pela última vez: - vai dormir, chato!

Segunda etapa cumprida, mais cansados que o normal, precisando de férias do Roberto e com complexo de Aquaman

Comentários
Dom, 13 de janeiro de 2013
Por: JUAN BARROS
curti demais essa história,também faço as minhas histórias montado em minha bike,não há coisa melhor que isso. pedalar é tudo de bom...
Seg, 30 de maio de 2011
Por: Cíntia Oliveira
Acompanhando atenciosamente,
Roberto deve ser 'a' figura mesmooo!
Abraços

Cíntia Oliveira
Fortaleza - Ce
Ter, 17 de maio de 2011
Por: Rodrigo(www.bikessauros.com.br)
MUITO LEGAL O PASSEIO DE VOCÊS. ABRAÇO
Seg, 16 de maio de 2011
Por: FABIO FERREIRA
estamos na garupa... mandem ver (com fotos).

falow
Sáb, 14 de maio de 2011
Por: fabiano da silva costa
Vocês não acham que pedalam demais para largar os sacos de lixo que levam amarrado nas rodas? Deve ser lixo atômico... aonde é o destino final?? Fukushima???
Sex, 13 de maio de 2011
Por: Waldson (Antigão)
Pizza de novo!!! Parecem eu comendo Miojo todas as noites, ahahahah!
Será que não vai parar de chover e sair o sól?
Belíssimo segundo dia!

Antigão.
Qui, 12 de maio de 2011
Por: lucas goulart de carli
Ficou faltando a foto da atendente hein!?
hehehe
Muito bom o post!!
Qui, 12 de maio de 2011
Por: Márcia
Parabéns, podemos curtir as paisagens lindas do nosso Estado, e conhecer um pouco da cultura... Também não sabia que Ilhota é colonia Belga.
Qui, 12 de maio de 2011
Por: Priscila
Muito Bom!

Faça Chuva, Faça Sol vocês não param!

Tudo muito lindo. Parabéns...
Qua, 11 de maio de 2011
Por: Aline Souza (http://alineeletrica.blogspot.com)
Dei muita risada lendo o relato do 2o dia.
Com pena do Fernando, já tive o mesmo problema.

Abs
Qua, 11 de maio de 2011
Por: sandro
uahauhauhauhauhhua


hilária a narrativa, este Roberto deve ser"a" figura. São guerreiros pra aguentar a estrada e o Zé Buscapé.