Otimistas de pouca sorte, programamos para fazer uma pequena viagem durante o feriadão de Carnaval. Nada muito elaborado, apenas motivados pelo prazer de pedalar e com a certeza de ir para bem longe em direção ao meio do nada, distante de qualquer ruído inconveniente do tipo funk e similares - que atormentam as minhas orelhas durante essa época do ano. Infelizmente acabou não acontecendo, pois choveu pra caraca na noite anterior e o felizardo ser - Fernando, o próprio -, que dia desses andou se aventurando com a venta no chão, ainda não havia se recuperado totalmente. Além da perda total do estimado capacete (que doeu mais no bolso do que na moleira), uma série de hematomas, edemas e raladuras - deram o tom de choramingo do infeliz momento. Precavido, fez todos os exames de praxe, já que a cabeçada no chão foi de magnitude e intensidade consideráveis. Com garantias do médico que o problema que ele aparentemente possui na cachola não foi em decorrência do referido tombo, nos sentimos um pouco mais aliviados. Preocupados ficamos, embora felizes por pelo menos a bicicleta ter saído ilesa do evento acrobático mal sucedido. Um pouco mais de uma dúzia de dias após a tal presepada, marcamos esse pedal de consolação. Falam tanto dessa cachoeira do Amâncio que finalmente resolvemos dar uma inserta. O calor xarope que vinha fazendo nos últimos dias nos obrigou a madrugar e antes de ouvir o primeiro e sempre irritante cacareco eu já estava pedalando com os outros dois companheiros de perturbação. Como sempre, seguimos sonolentos pela ainda escura BR-101 em direção ao norte do estado (mas nem tanto), e acabamos amanhecendo trovando com um engraçado e empolgado pescador num trapiche qualquer, já quase em Biguaçu.
Rodamos pela enésima vez na sempre divertida dobradinha rodovia do Café – estrada geral de Sorocaba. Abastado de bifurcações, uma delas inclusive mirando o além, só repete trajeto nesse trecho quem quiser. Dá para brincar um bocado por aquelas redondezas.
Considerando o inconveniente horário, a pedalada até que rendeu bem. Ao sair da BR, pedalamos algo em torno de cinco quilômetros pela rodovia asfaltada e um pouco mais de dez pela bacana estrada de chão até chegarmos ao trevinho que liga com a comunidade de Sorocaba do Sul, um pequeno distrito ainda em território biguaçuense. Dali para frente era terreno desconhecido para as nossas curiosas e destemidas bicicletas.
Não há sinalização alguma e você se orienta apenas pelo hipnótico barulho da água corrente que gentilmente te acompanha pelo trecho final da pedalada. Nesse passeio que curiosamente lembramo-nos de trazer o repelente mágico, não havia um mosquito sequer para nos atazanar. A simpática queda d’água impressiona e se jogar na pequena lagoa ficou só na vontade, pois apesar do calor, a água estava uma absurdeza de gelada.
Voltar é que foi o problema. Demoramos demais contemplando o bonito local e demos espaço para a preguiça se instalar. Perto das 11h o sol estava beirando o inaceitável - o que nos forçou um eventual improviso. Ligamos para o guincho bacana e combinamos o resgate na entrada de Governador Celso Ramos. Saímos então pela esquerda, seguindo perpendicularmente em direção a BR - pedalando por mais eternos dez quilômetros sol a pino e suando pacas.
O sol estava tão quente que nem deu peso na consciência de gazetear o trecho final do divertido passeio. Valeu cada minuto rodar pela incrível região, entretanto o sol exigiu um pouco demais de nossa boa vontade de pedalar sempre.
Ser atacados por guapecas desvairados é quase uma rotina e sempre nos diverte. Todavia, não pareceu nada divertido a possibilidade de sermos chifrados por aquele ruminante mal humorado de barba cafona... Nem o sol atrapalhou a “sprintada” final morro acima. – Béééééé, pra você também!, criatura ranzinza.
Mas... a vida nunca foi mesmo perfeita, né?
Pelo menos tem o site pra me deixar com raiva.
Parabéns e grande abraço!
abraços.
Elton Xamã
Pantanal - Mato Grosso DO SUL!
Hauhuahuahuahua... só vocês mesmos, bando de perturbados.
Feliz Páscoa na estrada pra vocês, cacalhada.
João.
Vocês também, cansaram de cachorros e resolveram se arriscar com outros perseguidores quadrupedes...rsrsrs, imagino a hilária cena.
Um abraco e boa sorte no pedal de Páscoa que se aproxima.