Dia três da trinca de Páscoa: Imaruí até o terceiro polo da terra
Escrito por: Rodrigo Martins em 06/10/2014

Dei até um bocejo de solidariedade na esperança de inspirar o insone amigo que não conseguia pregar os olhos. A algazarra no quarto ao lado incomodava um pouco, mas a inquietação do Marcelo era o que de fato não me deixava dormir. Socos na parede e constantes resmungos cada vez mais alto de um ignorado protesto por silêncio acabaram por me tirar o sono e custei muito a dormir novamente. Cães maltrapilhos na rua que uivavam para a trovoada pareciam estar na mesma desperta sintonia que os dois desbastados pseudociclistas. Pelo que me lembro, a brincadeira dos barulhentos vizinhos foi até depois das quatro e ao madrugar para o derradeiro dia de pedal, senti os olhos pesarem. O hotel era três estrelinhas em ser a pior coisa do mundo! Sem café da manhã, ainda tivemos que dar uma pequena pernada até a padaria mais próxima para o rápido desjejum. Antes, conferimos se as bicicletas estavam bem, pois passaram a noite numa sala comercial abandonada com ares bastante assombrosos. Chocados ficamos quando descobrimos que a vitrine sequer fechada estava, encontrando-se para o nosso desespero - apenas encostada. Com os olhos arregalados e tentando não imaginar o pior, prometemos para as nossas amadas de duas rodas que nunca mais dormiríamos separados novamente. O simpático gerente do hotel deu lá suas desculpas, garantindo que em Imaruí, atividades fraudulentas não acontecem de forma que pudéssemos ficar preocupados. Franzi a testa descrente e contive o riso nervoso, deixando a conversa fluir. Mudamos logo de assunto aproveitando para reclamar dos poucos educados hóspedes parede ao lado e aí começou uma longa história, com bastante jeito de fofoca de interior. Diz a lenda – e ouvimos com bastante reserva -, que a barulhenta menina, quando mais nova, havia feito alguns filmes adultos caseiros educativos, por assim dizer. O espanto foi na ênfase da idade da moça – pois ela sequer tinha jeito de alguém já maior de idade. O mal tempo preocupava e saímos o quanto antes do hotel mais desprovido de luxúria que já pernoitamos, sentindo falta do amigo Roberto e suas manias de realeza. O céu cada vez mais toldado de nuvens escuras indicava bastante chuva para logo mais. Baixamos as sonolentas cabeças e pedalamos forte no mesmo sentido do vento, sofrendo um pouco com o ar gelado do início da manhã.

Tal qual no ano anterior, o plano era seguir por uma estrada de chão que segue paralelo a BR até o terceiro polo da terra (explico: polo norte, polo sul... Paulo Lopes!). Com a chuva iminente, o pouco tempo e o cansaço acumulado - optamos por surrupiar novamente o montanhoso e enlameado trecho para seguirmos na maciota pela planície lisinha da 101. Até o trevo de Imbituba pedalamos aproximadamente 22 quilômetros, parando apenas para tomar um suco de laranja no que imaginávamos ser o último supermercado desta nossa pequena jornada. Pelo celular sincronizávamos com o nosso guincho amigo o local e a hora aproximada para o resgate das duas sujismundas crianças.

O temperamental Garmin não gosta muito de improvisos e geralmente ele sacaneia quando mudamos o trajeto original apertando a tecla delete sem pedir licença. Até o restaurante da Penha, o embirrado dispositivo acusava faltarem 39 quilômetros, mas as nada discretas placas da rodovia sugeriam um percurso de menos da metade disso. Geralmente na dúvida, é sempre o percurso mais longo - mas desta vez, para a nossa total surpresa, nos restou o mais fácil, chegando no ponto de resgate bem mais cedo do que imaginávamos e isso causou uma certa estranheza. Um pouco antes da reta final desta cicloviagem, num desses nossos recorrentes lapsos de intelecto – ao tentar tirar um autorretrato com as bicicletas em movimento usando para tanto a máquina fotográfica rosqueada num bastão retrátil, quase conseguimos fazer uma lambança sem precedentes. Pedalando rápido e com os olhos atentos a máquina estendida pelo bastão e com o temporizador ligado, descuidados e sem prever tal possibilidade, ao pedalar próximos demais, os dois bar ends das bicicletas se engancharam e a minha GT envergou fazendo um ângulo de 90 graus em relação a bicicleta do Marcelo. Elas travaram totalmente após arrastarem um pouco e a minha bicicleta embicou me jogando para frente. O problema é que estávamos em cima de um viaduto e ao ser jogado para a frente, me deparei bastante próximo da mureta e por muito pouco, muito pouco mesmo... não caí lá de cima do viaduto. Fiz muita força contrabalanceando na tentativa de mudar a trajetória da queda e felizmente acabei caindo um pouco antes da mureta que dividia o asfalto do além. Bem próximo, com as costas colada no pequeno muro de contenção, mas não o suficiente para despencar lá de cima. Muitos carros passaram e viram duas bicicletas enroscadas estarradas no asfalto e dois perturbados seres sentados e rindo aos montes sem sequer entender o que havia acontecido. O susto foi grande, mas visto que nada de muito grave aconteceu, nos restou rir apenas. Embora que, por algum tempo pedalamos em silêncio imaginando as consequências daquilo que poderia ter acontecido. Jeito mais besta de ver ao vivo um show dos RAMONES novamente...

Chegamos encharcados no restaurante com a pomposa chuva que pegamos no trecho final. Encostamos as bicicletas próximo a entrada e pedimos para o porteiro dar aquela gentil espiada enquanto trocávamos de roupa e nos preparávamos para comer. Haveria jogo pelo campeonato brasileiro mais tarde em Criciúma e nisso – uma caravana de meia dúzia de ônibus vindo de São Paulo socados com uma das torcidas organizadas do Palmeiras chegou quase que no mesmo instante que nós. Muita gente e muita gente mal encarada - acabou causando um desconforto generalizado para todos que almoçavam no restaurante. Não houve nenhum incidente, mas o histórico de torcidas organizadas de times de futebol perambulando por Santa Catarina não inspira algo bom e acabamos acelerando o almoço para sair o quanto antes do restaurante – antevendo uma possível incomodação. Na rua, já longe da baderna da charanga paulista, saboreamos um merecido Chicabon enquanto aguardávamos a vinda do senhor Zulmar para o combinado resgate. Nas conversas jogadas fora, o tópico da quase queda do viaduto recorria nas nossas ladainhas e mexia com o nosso imaginário – agora, mais calmos, de forma engraçada.

Terceiro dia de três... um pouco mais de 40 km rodados na maior tranquilidade com muita chuva e vento (as vezes a favor, as vezes contra) e deveras felizes por mais uma brincadeira completada, principalmente pelo fato de todos saírem vivos desta. Foi por pouco...

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Ter, 07 de outubro de 2014
Por: Dorgivan santos
Sempre bom e feliz relato, mas foi por pouco esse Rider não ir conhecer o que tinha debaixo do viaduto.É quando os deuses de uma boa pedalada, nos Orienta. kkkk se liguem Rider o chão ainda continua sendo o limite,rsrsrsr Boas pedaladas e Obrigado por proporcionar essa linda leitura e foto maravilhosas. Sinto-me como se estivesse ali..pedalando ao lado de vcs!!