"Giro na Serra Outro"
Escrito por: Rodrigo Martins em 17/09/2010

A estrada de Varginha, além de não ter E.T. - está sendo asfaltada, então foi prontamente descartada, pois perdeu completamente a graça. Inspirados pela distinta pedalada anterior, resolvemos explorar melhor a região e cedo seguimos de carro para São Pedro. Prestativo como sempre, Sr. Mazolla foi novamente o nosso motorista da hora. Estava num dia inspiradíssimo para falar e impressionou de fato. Nos raros intervalos do falatório exagerado durante a viagem, o “som do silêncio” causava estranheza. Uns 40 minutos depois e com a cabeça zunindo, chegamos ao nosso esperado destino. Ainda rindo da divertida prosa, aprontamos as coisas enquanto o Marcelo tirava as bikes do suporte. Nesse meio tempo, batemos um histórico papo com um senhor de 94 anos de idade. Figura ilustre da cidade e que nos impressionou com sua lucidez e vigor físico (duas condições que frequentemente faltam para nós). Também partidário de uma boa conversa, nos despedimos e deixamos a notória figura continuar a infindável conversa com o Sr. Mazolla e seguimos então, para o Bar do Zezo – distante 20 passos à direita -, para tomarmos o nosso merecido café. Pastelzinho de carne com Coca-Cola bem gelada! Nada saudável, porém – muito saboroso e não há como negar. São Pedro de Alcântara mantém o padrão das cidadezinhas do interior catarinense: praça, igreja, "BESC" e Correios... tudo praticamente na mesma quadra. E esse foi o nosso ponto zero. Numa alegria incomum para o horário, seguimos nosso pedal novamente em direção a pseudoserra. Pois bem, de diferente? Arriscamos uma incerta na “Rua dos Tropeiros”...

O local é fora de série. Só a visitinha na cachoeira já valeu toda a viagem, e isso apenas com 10 minutos de pedalada.

A entrada é bem fácil de encontrar, porém difícil de explicar. Então, é só perguntar para algum nativo da redondeza e seguir o caminho de pedra de seixo rolado, identificado pelo versado em Geologia – o fidalgo Fernando -, numa emblemática explicação por nós, pouco valorizada. Não se preocupem, o pessoal de lá tem o péssimo hábito de acordar cedo e perto das 7h já tem muita gente zanzando pra lá e pra cá e facilmente você encontra alguém para jogar conversa fora e pedir informação.

Além de diferente do usual, esse caminho dos Tropeiros circunda o primeiro morro, evitando um desgaste desnecessário de energia e mantendo assim, a Coca-Cola por mais tempo circulando no nosso organismo.

De início é o mesmo trajeto do Giro anterior. O diferencial: você passa a igreja e na segunda entrada - desta vez “as” direita -, você entra na estrada da “Rocinha”. É fácil. Basta saber ler e não pedalar dormindo em cima da bike (o que é mais difícil do que parece). Há uma placa entalhada bem bonitinha indicando.

Para os admiradores do sofrimento, há uma bela subida de início, mas não perca a esperança. Cedo ou tarde ela termina. Bem mais para o “tarde”, conforme-se.

Lugarejo dos mais belos e pacatos que já passamos. O fato de nenhum carro, moto ou caminhão ter passado por nós, impressionou positivamente. Apenas uma simpática Tobata quebrou a divertida monotonia. Se você gosta de pedalar sossegado, eis o lugar perfeito!

Belo dia de raro calor. Há muito tempo não pedalávamos de bermuda e camisa curta... Boa sensação de proximidade da primavera.

Passamos por um lugar chamado “Egito” (outro simpático vilarejo Hobbit) e nada de esfinge... Porém, fomos atacados por gigantescos Borrachudos, que bem poderiam ter sido considerados uma das 10 pragas antigas do homônimo lugar. E o culpado? Fernando... Que não tinha hora e local melhor para furar mais um pneu. E ele que pedalava tão feliz e sorridente... Inclusive aproveitando o raro momento de sol e já pensando no verão, para mudar o tom OMO* da coloração de sua epiderme.  E agora, jaz aí, semiestatelado no chão, trocando pela enésima vez o pneu de sua bicicleta.

* branco total radiante

Mas isso há de mudar!...

“No dia mais claro, na noite mais densa, nenhum pneu furará ante a minha presença. Todo aquele que venera o mal e joga tosqueiras pontudas no chão (pregos, tachinhas, cacos de vidro...) - há de penar, quando o poder do Lanterna Verde enfrentar!”

Esse não é bem um Giro. Diferente da anterior, esticamos a pedalada até em casa. Ao invés de retornamos para Saint Peter – seguimos em frente, rumo à Antônio Carlos. Por lá almoçamos e em seguida nos jogamos na grama da pracinha central para tirar uma revigoradora siesta. Alguns minutos depois, seguimos em direção a indigesta BR-101, já com o tradicional vento na testa empurrando as bicicletas para trás. A comida exageradamente salgada nos fez parar em várias baiúcas pelo caminho: água, refrigerante... O que estivesse mais perto e mais gelado. Ao todo, pouco mais de 75 km em alguma coisa próximo a 5 horas de pedalada. Assemelha-se bastande com o Giro anterior (em direção a Águas Mornas), mas essa região contrária, indo para Antônio Carlos - é mais bonita e melhor para se pedalar. Talvez o melhor passeio que já fizemos pela região da grande Florianópolis. Há belas e duradouras descidas que realmente empolgam. Uma idéia melhor da região - no caprichado vídeo a seguir:

Semana que vem – pausa! Recesso merecido para o maior evento cultural dos últimos 4 anos: show do “The Toy Dolls”..., Pedaladas contando os dias e já se lamentando antecipadamente pela inevitável ressaca nos dias que sucederão tal festança.

Wakey Wakey!

Comentários
Qui, 23 de setembro de 2010
Por: Lucas Goulart
E não é que parece um vilarejo hobbit mesmo?! Muito massa o lugar o/
Qua, 22 de setembro de 2010
Por: Jean Michel Torres
Mais um pedal incrível com fotos lindas e humor no ponto certo. rs...

Abraços.
Seg, 20 de setembro de 2010
Por: Edson Luiz da Costa
Parabéns galera,...belas imagens, realmente dizem tudo do fantastico passeio ciclístico!!
excelentes tbm estão as narrativas do passeio...muito show..!
abraços
Dom, 19 de setembro de 2010
Por: Tuquinha
Biguaçu/Antônio Carlos os aguarda!

Tuquinha
Sex, 17 de setembro de 2010
Por: Waldson (Antigão)
Gente, que lugar paradisíaco! Essas estradinhas são fantásticas, deliciosas para pedalar. Lembrei-me das estradinhas que nos conduz á Guararema, em São Paulo.
Muito bacana esse pedal!
As fotos ficaram perfeitas, muito belas!

Parabéns, pessoal!

Abraços.