Madrugadora miguelagem em São Pedro e cercanias
Escrito por: Rodrigo Martins em 10/03/2015

Antes mesmo de me atirar para fora do meu hipnótico colchão, já havia me arrependido profundamente de ter combinado algo tão cedo. Embora, ou era isso ou frigir a moringa no escaldo que estava por vir. O verão nem tem sido tão quente e na quase madrugada das cercanias de Saint Peter – até fez frio. Nenhuma alma viva circulando pela praça, apenas o Seu Zezo postado em frente ao seu caprichado boteco no melhor estilo carranca feliz, atento apenas com a movimentação dos madrugadores forasteiros que preguiçosamente aprontavam suas bicicletas. Pedimos licença para usar o banheiro já imaginando que poucas horas depois estaríamos sentados ali no balcão, quase babando no aguardo do grande tesouro da alquimia catarinense... o tal Guaraná Pureza em garrafa de vidro. O céu carregado e quase escuro até empolgou e ainda sonolentos iniciamos a brincadeira seguindo as diretrizes do nosso neurastênico GPS. Já de início ele nos enfiou numa estrada que tinha todo o jeito de dar em lugar algum. Dito e feito. Acabamos improvisando uma meia volta seguindo por outro caminho que sequer sabíamos que existia, até nos aprumarmos novamente. Ao longe víamos a basílica se afastar cada vez mais enquanto serpenteávamos o belo e barulhento riacho, admirando sempre suas inúmeras cascatas.

Vez ou outra o sol aparecia e embora em alguns momentos o céu tenha escurecido, acabou que não choveu. De início uma bela brisa e apenas algumas retas, pássaros cantarolando e dois alegres papa-ovos que teimaram em nos seguir. O GPS finalmente se encontrou emocionalmente e continuamos seguindo em frente já desapegados da desconfiança inicial, conscientes que tão logo desceríamos um bocado. Curiosamente, já havíamos feito esse mesmo circuito, porém em sentido contrário optando por subir aos montes e não descer - claramente não fazendo o bom uso da razão nessa longeva época.

Uma longa e divertida inclinação ferveu os discos dos freios e até nos fez perder o sono com os vários quase-tombos que levamos na sinuosa e escorregadia estradinha. A noite é mais escura um pouco antes de amanhecer e dizem que pela nossa Varginha (bairro de Santo Amaro da Imperatriz onde desemboca uma infinidade de estradas pedaláveis, tal qual essa que ousamos cruzar...) também circula seres extraterrenos, chupa-cabras, humanoides e figuras afins. Sabemos que de dia não há registros de ataques de criaturas fantásticas, mas todo cuidado é pouco e pedalamos cautelosos. Entretanto, curiosos com alguns pontilhados diferentes que apareceram no Mapsource – resolvemos explorar uma possível trilha, até para diminuir o caráter migué desse pedal que mal chegou nos vinte quilômetros rodados. Parecia ser uma estrada bastante promissora, mas uma imponente porteira, uivos estranhos e não tão distantes baforejos - nos tiraram um pouco da vocação de exploradores e acabamos retornando poucas centenas de metros depois sem saber onde daria o inusitado caminho.

Sãos e salvos (mais salvos do que sãos...) e agora rodando no asfalto, foi só vencer a colina e seguir em direção para onde estavam nossos glutões pensamentos. Amendoim seco apenas para aumentar a sede. Satisfeitos, bicicletas penduradas novamente e com as barrigas empanturradas de Pureza, foi só dar um até logo para o Zezo e seguir o caminho de volta para casa, ainda em tempo de pegar o almoço quentinho. Cinco estrelinhas para o divertido pedal que sequer cansou.

Comentários
Sáb, 14 de março de 2015
Por: Waldson - Antigão Cicloturista
Mas tá, que imagens maravilhosas! Estradinhas bucólicas e um local muito chique, pois até a pinguela é de concreto!
Parabéns por mais esse pedal de primeira!

Grande cicloabraço do Antigão!
Qua, 11 de março de 2015
Por: Dorgivan Santos
Como sempre belo relatos, e imagens incríveis. O mais Hilário" Bem sabíamos que a estrada não daria a lugar algum" Obrigado meus amigos por deliciar-me com imagens e relatos fantásticos!
Ter, 10 de março de 2015
Por: Eleonesio
Fantástico meus amigos.
Um dia desses preciso fazer um curso de redação com o redator de vcs.

Um forte abraço.