Herdando o mal tempo do diluviano réveillon, iniciamos a nova temporada um tanto desconfiados. Manifestando um exagerado descontentamento desde cedo, nosso ombrófilo amigo ameaçou desertar a pedalada inicial do derradeiro ano para a atual civilização. Saímos em dois carros ainda de noite e cruzamos uma pequena tormenta pelo caminho. Alguns minutos adiantados, conseguimos avistar um lampejo de bom tempo um pouco antes de o aflito amigo iniciar uma malcriada conversa pelo celular. Com a esfarrapada desculpa de “longe demais para resolvermos voltar”, convencemos o contrariado comparsa que choramingava alguns quilômetros atrás, a pelo menos seguir até o local combinado na vizinha Tijucas. Nossa intuição é horrorosa e mesmo assim resolvemos arriscar, já que eventualmente ela se apresenta de forma correta. Nosso sentido aranha indicava tempo bom, o que de fato aconteceu... pelo menos nos cinco minutos iniciais. O bom tempo durou apenas o suficiente para tirarmos as bikes do suporte e iniciarmos a brincadeira. Com cara de poucos amigos, fomos saudados pela desconfiada manada que mal acreditava no que os desajustados terráqueos ali faziam. E assim, desconfiados com tantos olhares de desconfiança, iniciamos mais um ano do “Pedaladas”, envoltos num estranho sentimento de debilidade mental coletiva, por cismar em pedalar num dia tão horroroso...
Choveu muito pouco para a nossa surpresa. Apenas para termos o infeliz trabalho de tirar as capas de chuva de dentro das socadas e sempre na moda pochetes e guardá-las molhadas sem quase nem tê-las usado. Entre uma pancada de chuva e outra, algumas brechas de sol apareceram prenunciando um terrível calor, mesmo antes das sete horas da manhã.
A esperança de um pedal sem morro foi para o espaço logo no início com uma absurda ladeira impossível de se pedalar. E não ficou por isso. Subir e descer foi uma constante. Enquanto pedalávamos por uma estrada, isso de fato não atrapalhou.
De tempos em tempos a estrada desaparecia dando lugar a uma escorregadia trilha. As fortes chuvas recentes maltrataram a bacana estradinha e os pseudociclistas desavisados penaram para se manterem em pé durante o enlameado trajeto.
Quedas com a cara na lama e ataques de marimbondos vampiros mal-humorados ilustraram bem o que foi a divertida aventura. Reclamações apenas em relação ao exagerado calor. Sofremos aos montes para vencer alguns trechos da encantada trilha e até acho que “de a pé”, teria sido mais fácil.
Momento Genki Dama: - Leve toda a minha energia, Goku!
Empurrar as bicicletas na areia superfofa da praia quase deserta também não foi uma tarefa simples. Percurso dos mais ecléticos que já trilhamos: estrada – morreba - trilha – praia – pedra – mata – praia – algo pior que trilha – praia, e quase desmaiar.
Nesse ponto do pedal, já esbaforidos, tudo que os malfadados aventureiros queriam era um pouco da anteriormente criticada chuva. De consolo, servia o fato de boa parte desse trecho ser sombreado.
Fizemos alguma coisa parecida com o que foi gentilmente sugerido pelo colega “Moca” nos comentários da postagem anterior. Iniciamos por uma pequena comunidade em Tijucas (Santa Luzia, creio eu) e fomos costeando boa parte do caminho, passando por várias praias desertas (uma delas com o sugestivo nome de “Triste”), intercalando com vias muito estreitas, matas de onde podíamos ouvir lobos uivarem e uma festividade de horrorosos buracos causados pelos aloprados motoqueiros... até finalmente chegarmos em Zimbros.
Uma rápida limpadela nas sujismundas bicicletas no gelado riacho antes de seguir viagem.
Afetados pelo forte sol na cabeça, só melhoramos após abrir a primeira latinha de Pepsi do dia. O primeiro gole chegou a causar comoção. Descansamos um pouco na tal Praia de Zimbros e lentamente seguimos caminho até Porto Belo. A adrenalina final? Encarar a BR-101 com vento soprando contra e uns Transformers gigantescos dando um “chega pra lá” nos reles ciclistas. Excelente início de ano. Ufa!...
Trilha maravilhosa!
Que pedal maravilhoso, o lugar sensacional, tudo o que um ciclista gosta, estrada com subida descida e um visual de tirar o fôlego. É uma frustração não poder pedalar com os amigos, trabalhando muito, parabéns.
Um abraço...
Belas imagens e relatos muito engraçados.
Abraço!
imagino como deve ter sido cansativo o percurso, mas a beleza da região compensa tudo!
parabéns
abraços
Elton Xamã
Saludos desde Valencia.
Belas fotos e ótimo relato como sempre!
Grande abraço e vamo que vamo!
http://trilhasepedaladas.blogspot.com/
Abraço
Não reconheci nada do trajeto, mas desejei estar pedalando com vocês entre essas trilhas e praias.
Um ano de muitas pedaladas para todos nós.
Abs