Viajando no feriadão do Dia dos Fiéis Defuntos: primeira etapa, de Florianópolis à Nova Trento
Escrito por: Rodrigo Martins em 31/08/2013

Com os cabelos ao vento, moldados pelos pouco estilosos capacetes de moda alienígena - seguimos entusiasmados para mais uma pequena viagem fora de hora. Aproveitamos o último feriadão do saudoso ano do dragão para esquecer dos poucos problemas que possuímos e nos divertir estrada afora com uma premissa bem simples: nada de morros, apenas um longo passeio não muito além do nível do mar. Combinado muito em cima da hora, Roberto não conseguiu o respectivo alvará de soltura a tempo e teve que se empenhar em atividades domésticas pouco divertidas enquanto os outros três comparsas de pedal iniciavam mais uma pequena jornada assentados sobre os desconfortáveis bancos de suas quase inseparáveis bicicletas das montanhas. Como sempre, combinamos cedo e saímos tarde e ninguém estranha mais isso. Ao menos sobrou tempo para digerir o Nescauzinho quente que costumeiramente péla a língua no então pré-verão catarinense. O destino do primeiro dia foi a abençoada região nova-trentina, distante oitenta e tantos quilômetros da capital (pelo caminho mais curto, o que não foi o caso). Completamente descompromissados, pedalamos naquele vagaroso ritmo que o ausente Roberto tanto preza e cruzamos as Sorocabas até alguma coisa perto de Canelinha sem sequer começar a suar. No horizonte, nuvens carregadas com algumas raras piscadelas de um sol maroto que queima muito sem ao menos se deixar perceber. Fator protetor solar: bastante.

Perto da cidade das cerâmicas, a tal pequena canela, uma ponte em ruínas nos fez dar um longo balão totalmente fora de rota. Rodamos apreensivos por algum tempo, já que o meio-dia ficara bastante para trás e esses atrasos inesperados geralmente significam ficar sem almoço. No meio do nada e de forma bastante gentil, uma alegre família nos convida para almoçar. – Tá na mesa!, berravam as simpáticas pessoas numa abundante refeição à beira da estrada. Apesar de tentados, o bom senso prevaleceu e educadamente recusamos, pois uma vez sentados à farta mesa – provavelmente os três gabirus descendentes de javalis deixariam a nobre e simpática família com o estoque de comida negativado. Continuamos em frente otimistas, inspirados agora pelo quase comovente convite. Naquele momento margeávamos a SC-411 e sabíamos que por ali haviam bodegas que normalmente serviam comida. A primeira inserta foi numa lancheria com o sugestivo nome de Bileku’s (que dispensa qualquer comentário engraçadinho de nossa parte). Alguns terráqueos esfomeados fizeram a limpa antes de nós e ninguém se entusiasmou com os X-enfarto da vida. Arriscamos então algumas pedaladas mais além e encontramos um restaurantezinho bastante horroroso, situado um pouco mais a frente apenas. Sem poder escolher, comemos as sobras de algo que provavelmente já não era bom e tentamos disfarçar lascando algum doce em cima no final (ao menos para tirar o gosto ruim da boca). Ao perguntar para a pouco simpática atendente se havia sobremesa, por um breve momento temi que parte do grupo fosse transformado em pedra por toda a eternidade pela mal-humorada górgona, que naquele momento nos fuzilava com o seu perverso olhar.

O horroroso almoço foi um assunto recorrente por um bocado de chão e em algum momento praticamente nos obrigando a parar em outro restaurante de beira de estrada para liberar de vez da cachola aquele infeliz momento. Servidos com amendoim e uma gélida Coca-Cola e empolgados com a bela prosa de um folclórico nativo de Saint John Baptist, demos tempo ao tempo para descansar um pouco da longa esticada asfáltica. Ouvimos alguns relatos engraçados e segundo o simpático e bom vivente senhor, caldo de cana não é bom para quem pedala, pois é muito pesado e dá “moleira” (?)... Após nos elucidar com os tais benefícios da água de coco, o divertido sujeito veio com uma teoria no mínimo curiosa: depois da separação, toda criatura que um dia namorou (ficou, beijou, flertou, e coisas afins...) - ele as colocou para trabalhar em seu ajeitado estabelecimento fazendo questão de assinar a carteira, garantindo assim estar livre de problemas legais - já que segundo o próprio, a primeira e famigerada esposa fez uma bela podadura em seus bens quando enfim foi-se embora.

Chegamos muito cedo a uma excessivamente pacata Nova Trento. A pousada em que ficamos era muito boa, sito acima do nosso padrão de viagens ciclísticas. Passamos boa parte do final da tarde brincando na salinha de jogos com brinquedos não eletrônicos, o que causou estranheza. Apesar de sermos um bocado ruins, sinuca de vez em quando até acontece. No entanto, jogar pebolim (pacau, totó ou fla-flu, dependendo de aonde você se esconde)?, esse faz uns bons éons. Por algum tempo achei divertido, mas logo senti falta de jogar Pro Evolution Soccer e fomos embora se preparar para comer. O garçom migué da cantina (com um sotaque italiano bem falcatrua) nos fez uma bela proposta com um desconto bastante generoso e ficamos por ali mesmo, apenas alguns degraus acima de nosso espaçoso quarto. Por fim, enchemos as panças e compensamos o terror sofrido no almoço. Mais tarde no quarto, estufados, sem sono e nada cansados - ficamos falando bobagens e trocando os míseros canais da micro TV até o sono vir, e esse demorou um bocado em dar as caras. 

Comentários
Qua, 11 de setembro de 2013
Por: JOSE BARBOSA
PARABÉNS, BELO PASSEIO!
Ter, 03 de setembro de 2013
Por: Elton Xamã
hola, tchê!
batendo ponto aqui, só para não perder o costume e para lembrar que eu preciso fazer uma viagem também...o planejamento já começou, estou nos primeiros rabiscos, mas breve tô na estrada.
abraços pantaneiros!
Elton Xamã
Ter, 03 de setembro de 2013
Por: Leite Bike
Ja tava c saudades d ver os diários de pedais de vcs.
Esses quatro Bikers são bem unidos hehe.
abços Amigos do Pedal.
www.leitebike.com.br
Seg, 02 de setembro de 2013
Por: Tuquinha
Ué! trocaram a Pepsi pela coca? rsrsrs

belas fotos,

Abraços!
Seg, 02 de setembro de 2013
Por: Waldson Gutierres (Antigão)
Mas belo pedal de feriado, hein amigos?! Ver as tres "tanajuras" juntas, todas de bum-bum amarelo, é um prazer.
Tem alguns proprietários de restaurantes que parecem odiar os fregueses! Esses deveriam ir para a roça mesmo!

Grande abraço e nos veremos em breve, muito breve!
Seg, 02 de setembro de 2013
Por: Adilson Elpidio
Olá amigos, estou rindo até agora com relatos das pedaladas de vcs, mas teria como disponibilizar os trajetos em GPX para colocar no GPS, para futuras pedaladas no trajetos que vcs já fizeram,
Eu e minha esposa pedalamos junto já fizemos o vale europeu saindo de casa que fica em São José, fomos essa semana para nova Trento via São Pedro de Alcântara, Betânia Major Gercino e voltamos por Sorocaba, gastaríamos de também esta participando de suas pedaladas desde já agradeço e fico no aguardo de alguma resposta.

Adilson
Seg, 02 de setembro de 2013
Por: Eleonésio Diomar Leitzke
Novamente divertido o relato.
Agora ainda falta uma roubada conjunta no Vale.
Saudações, meus pedalantes amigos.